Febre alta
Esparrama-se a tarde
Numa massa lânguida
Nas carnes macilentas
Por cima das calçadas
Queimando de lava de piche
Pelas ruas de periferia
Nada mais resiste
A derredor
Dissolvendo-se em vapor
Qualquer resistência
Assim fundimos os corpos
Confundimos as mentes
Num contínuo viver
A compaixão existe
Quando a febre abate-se
Ultrapassa os 40 graus
Uma lembrança
Por onde andará Maria
Dos prazeres
Que se foi como surgiu
Deixou saudades
Na pele marcada
Pelas unhas felinas
Que machucava
Fundo atingia a alma
Será nas esquinas da vida
Num cruzamento qualquer
Uma rosa vermelha deixada
Na calada da noite?